Samuel Paty era um professor de liceu francês. Numa das suas aulas de cidadania, falando sobre a liberdade de expressão, mostrou dois cartoons do Charlie Hebdo que representavam Maomé. Antes de mostrar os desenhos o professor teve o cuidado, sabendo que para os islâmicos aqueles desenhos eram blasfemos, de avisar os estudantes do que ia mostrar e permitiu que quem se sentisse ofendido com aquelas imagens saísse da sala.
Depois da aula o pai de uma aluna começou uma campanha contra o professor, que foi ampliada pelo imã local. A campanha de ameaças começou dentro e fora das redes sociais, com várias ameaças de morte. No dia 16 de Outubro Paty foi morto por um extremista islâmico, cujo o nome não escrevo para não lhe conceder a publicidade que procurou. O terrorista pagou a estudantes para que lhe indicassem quem era o professor, seguiu-o e cortou-lhe a cabeça. De seguida publicou imagens da cabeça no Twitter enquanto se proclama um mártir do Islão.
Samuel Paty foi vítima do extremismo islâmico. Vítima de quem não suporta uma sociedade onde haja outra visão que não a sua. Vitima de uma ideologia que não permite discordâncias.
Em Portugal alguns comentadores, a quem também não tenciono conceder publicidade, tiveram a falta de vergonha de tentar equivaler o terrorista assassino a Artur Mesquita Guimarães, o pai que luta pela liberdade de educar os seus filhos.
A acusação é nojento e fruto de mentes doentias. Dificilmente valeria a pena perder tempo a explicar o absurdo da comparação. Mas há coisas que é preciso que fiquem claras.
Artur Mesquita Guimarães é um pai que luta pela possibilidade de educar os seus filhos em liberdade. Ele não pediu para acabar com as aulas de Educação para a Cidadania, não fez qualquer critica ou ataque aos professores que a ensinam, não pôs em causa a liberdade de ninguém. Simplesmente luta pela liberdade de não sujeitar os filhos à visão única do Ministério da Educação. E fê-lo como se faz em Democracia: com a Lei.
Pelo contrário, os seus detractores não suportam que exista quem tenha uma visão diferente da sociedade. Por isso perseguiram-no e aos seus filhos, fizeram campanhas nas redes sociais contra ele, e muitos pediram leis que permitissem punir o homem que tem a audácia de ser livre.
Eu evito fazer comparações com terroristas. Mas de uma coisa não tenho dúvida, no caso das crianças de Famalicão, não é seguramente quem luta pela liberdade que pode ser comparado ao facínora que matou Samuel Paty. Se alguém pode ser comparado ao terroristas, é quem quer impor a sua visão, á força se preciso, a toda a sociedade.
A luta de Artur Mesquita Guimarães é a mesma de Samuel Paty: uma escola onde a liberdade e a fé de cada um seja respeitada. Eu estarei sempre desde logo contra os extremistas que querem impor uma visão única às crianças. Sejam eles islâmicos ou laicistas.
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