Carlos Moedas e o EuroPride
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- Vai
realizar-se em Lisboa, no próximo mês, o EuroPride — o maior evento do
movimento LGBT europeu.
Sobre o movimento LGBT, reafirmo o que venho dizendo há anos: está para os
homossexuais como o Partido Comunista está para os trabalhadores. O
movimento LGBT é um movimento político que pretende impor a toda a
sociedade a sua visão da sexualidade, e que considera que quem dela
discorda deve ser, no mínimo, ostracizado — e, eventualmente, até preso.
Para este movimento, não basta defender o casamento entre pessoas do mesmo
sexo; é necessário punir quem não concorda. Não basta que um homem diga
que é mulher; é preciso que toda a sociedade o aceite e o afirme — e que
quem se recusa seja devidamente castigado.
Por isso, considero o EuroPride equivalente à Festa do Avante ou ao porco
no espeto do Ergue-te. Têm liberdade para o fazer, mas contam com a minha
oposição. Sobretudo, por se tratar de um acontecimento político promovido
por um movimento totalitário, não deve contar com apoios públicos.
- Esta
semana foi notícia que a Câmara Municipal de Lisboa aprovou uma verba de
175 mil euros para apoiar este evento. Para contextualizar esta decisão, é
habitual a Câmara apoiar grandes eventos realizados na cidade. O exemplo
mais evidente é a Jornada Mundial da Juventude, na qual a autarquia
investiu mais de 30 milhões de euros. Mas não é caso único: a Web Summit
recebeu mais de quatro milhões de euros no ano passado, a ModaLisboa
recebeu 300 mil euros este ano, e ainda há pouco mais de uma semana a Câmara
gastou 250 mil euros nos festejos do campeonato. Por isso, 175 mil euros
para o evento mais importante do movimento LGBT não constitui propriamente
um apoio extraordinário.
Aliás, prova disso é o facto de a oposição não ter apoiado esta decisão
(por querer mais apoio), assim como a maioria das associações LGBT se ter
retirado da organização do evento, em protesto contra a Câmara.
Isto significa que a decisão foi acertada? Não. Não considero que tenha
sido uma boa decisão. Mas significa, claramente, que Carlos Moedas não é
propriamente um entusiasta da causa — limitou-se a cumprir os mínimos
olímpicos.
- Tenho
visto por aí uma grande campanha contra Carlos Moedas, acusando-o de ser
contra a presença cristã e a favor da causa LGBT. Não tenho grandes
dúvidas quanto à origem destas acusações, tal como não duvido que não são
movidas pelo amor à Igreja ou à família, mas sim pelas eleições
autárquicas do próximo Outono.
Infelizmente, estas acusações têm encontrado eco junto de pessoas
bem-intencionadas, que ficaram legitimamente indignadas com a decisão da
Câmara. Aos mal-intencionados, de nada serve apresentar os factos; mas a
quem se sente justamente indignado, vale a pena refrescar a memória sobre
o mandato de Carlos Moedas.
Antes de mais, recordar que Moedas foi quem mais se expôs em defesa da
JMJ. Houve momentos em que ninguém — nem mesmo os que mais
entusiasticamente acolheram a notícia de que a JMJ seria em Lisboa, dentro
da Igreja e na política — teve coragem de defender os custos do evento.
Ninguém, excepto Moedas. Arriscou de tal forma que, se algo tivesse
corrido mal, teria sido, muito provavelmente, a sua morte política. E, no
entanto, ele — que nem católico é — teve a coragem de defender sempre a
importância das jornadas para Lisboa.
Além disso, nos últimos quase quatro anos, tem apoiado, com financiamento,
cedência de espaços, apoio logístico e até com a sua presença, vários
eventos organizados por católicos. E tem afirmado publicamente, sem
qualquer constrangimento, que as organizações católicas devem sentir-se à
vontade para solicitar apoio da Câmara.
Tem também apoiado incansavelmente o trabalho das IPSS. Depois de anos de
martírio socialista, em que o apoio social era dirigido apenas aos amigos
do regime, ignorando ou prejudicando as restantes instituições, com Moedas
as IPSS têm sido tratadas como aquilo que são: parceiras do poder público,
e não concorrentes.
Para além disso, Moedas tem feito questão de marcar presença em todos os
momentos altos da vida social da Igreja de Lisboa: nas grandes procissões,
na tomada de posse do Patriarca, na missa pelo sufrágio do Papa Francisco
(a quem decidiu homenagear com o nome do novo Parque Tejo), entre tantas
outras ocasiões. Foi com ele que o presépio regressou aos Paços do
Concelho.
É preciso ter muita falta de memória para afirmar que Carlos Moedas tem
algo contra a presença cristã na cidade. Pelo contrário, a Igreja de
Lisboa tem encontrado nele um aliado como não tinha desde os tempos de
Santana Lopes e Carmona Rodrigues.
- Isto
significa que a decisão de apoiar o EuroPride está correcta? Não. Mas se
procuramos um presidente de Câmara com quem concordemos em tudo, então
cada um de nós terá de se candidatar ao lugar. Caso contrário, teremos de
nos contentar com alguém com quem concordamos em quase tudo — e com quem,
de vez em quando, tenhamos uma ou outra discordância.
Este ano haverá eleições. Ao longo dos anos, votei muitas vezes no mal
menor. Este ano será dos poucos em que votarei com gosto em quem considero
ser um grande presidente da Câmara de Lisboa. Não só votarei em Carlos
Moedas, como tenciono dizer às pessoas à minha volta para fazerem o mesmo,
e farei campanha com um entusiasmo que não sentia desde a última
candidatura de Pedro Santana Lopes em Lisboa.
E no Outono, espero que tenha uma grande vitória — sobretudo contra os
zelotas que vivem de meias-verdades e mentiras completas.
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