quarta-feira, 23 de maio de 2018

O Partido Comunista e a Eutanásia: Uma questão de realismo.




O Partido Comunista Português vai votar contra a legalização da morte a pedido. Esta decisão, que as posições quer do partido quer de alguns dos seus militantes já deixava entrever, é a prova de que o PC é o partido da esquerda que vive mais próximo da realidade.

Ao contrário da esquerda caviar, que habita e frequenta os mesmos locais que os “neo-liberais”, o Partido Comunista convive de facto com os seus eleitores. E por isso sabe bem quem serão as primeiras vítimas da legalização do homicídio a pedido da vítima.

Porque por detrás das belas ideias místicas dos defensores da eutanásia está um país onde 80% da população não tem acesso a cuidados paliativos. Um país onde crianças recebem tratamento contra o cancro em corredores de hospital. Um país onde doentes morrem em macas à espera de um quarto.

A eutanásia nunca é uma escolha, é fruto do desespero de quem sofre, de quem está abandonado, de quem não tem qualquer apoio. Os comunistas bem sabem que num pais onde o sistema nacional de saúde está a cair aos poucos, onde as famílias não tem condições para apoiar os seus doentes, onde os idosos vivem órfãos nas aldeias que os filhos tiveram que abandonar para sobreviver, legalizar a morte a pedido é desistir dos mais pobres e mais frágeis.

Entre mim e o Partido Comunista há um abismo de diferença. Mas não posso deixar de o saudar por este acto de coragem e de lucidez, de votar contra uma medida que irá atingir sobretudo aqueles que na sociedade mais precisam de apoio.

Por isso dia 29 às 13h30 irei à concentração da campanha Toda a Vida tem Dignidade. Para apoiar os deputados que corajosamente já anunciaram vão votar contra e para pedir aos restantes que lhes sigam o exemplo!

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