domingo, 19 de março de 2023

Faltam pais


 Há poucas coisas mais contracorrente para um homem dos nossos tempos do que ser pai. Hoje, apesar de todas as ilusões colectivistas das últimas décadas, triunfou o individualismo. O homem moderno é aquele que vive para si, sem depender de ninguém, focado apenas na sua satisfação.

Ser pai é o contrário. Ser pai é viver para outros. Ser pai é dar a vida pelos filhos. Não apenas em momentos heroicos, que raramente somos chamados a viver, mas no dia-a-dia: trocar fraldas, acordar a meio da noite, idas ao hospital, trabalhos de casa, etc.
No tempo do “tu tens direito a ser feliz” e do “se não cuidares de ti quem cuidará?” sacrificar-se por um outro é um anátema. E isso vê-se nas disputas infindáveis sobre o poder parental, como se os miúdos fossem um adereço ou uma arma de arremesso. Vê-se na indisponibilidade de educar, preferindo entregar os miúdos a um número sem fim de actividades extracurriculares, que os vão mantendo entretidos, e cedendo a todos os caprichos para não ter que levar com uma birra. Vê-se no fazer e refazer constante da vida familiar (com “tias” e “irmãos” a entrar e sair constantemente). Tudo porque o essencial é satisfazer-se a si mesmo.
O resultado está à vista: cada vez mais os miúdos crescem sem pais, entregues a si mesmos, aos seus caprichos, aos seus problemas. Crescem sem ter a segurança de um adulto para quem olhar, que os guie, que os ajude a crescer. Tantas vezes ouvimos falar de como os miúdos estão cada vez mais mimados, e de como são cada vez mais “tiranos”. É normal, crescem à imagem desta sociedade egoísta que lhes roubou os pais e lhes deu em troca crianças grandes.
O reinado do individualismo produziu uma geração de crianças infelizes, deprimidas e infantis. Fazem falta homens que estejam dispostos a dar a sua vida toda para ajudar os seus filhos a crescer. Ou seja, fazem falta pais!

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