AINDA SOBRE OS ABUSOS DE MENORES
A minha cena preferida do filme Um Homem Para a Eternidade é quando um discípulo de Thomas Moore fica muito chocado por este afirmar que daria o benefício da lei até ao demônio. Perante o escândalo do seu discípulo o chanceler inglês explica-lhe que se para perseguir o demônio alguém derrubasse todas as leis, quando derrubasse a última o demónio se iria virar contra ele e não haveria qualquer lei para o proteger.
Tenho-me lembrado muito desta cena nos últimos dias. Há pouco crimes mais demoníaco do que um sacerdote abusar de um menor. A fúria diante das revelações do relatório da Comissão Independente são por isso justificadas.
Contudo, a exigência que a Igreja ignores todas as lei e trate como culpados qualquer padre que tenha sido denunciado, sem qualquer processo ou investigação servirá sem dúvida para aplacar a revolta, mas não serve a justiça.
A lei, civil e canónica, não existe para para aplacar fúrias, nem para fazer controlo de danos. Serve para se fazer justiça. É óbvio que os padres sobre quem recaiam denúncias devem ser investigados. Não podem é ser tratados à cabeça como criminosos pela mera suspeita de crime.
A Igreja fez o que nenhja instituição se atreveu a fazer. É tem regras sobre os abusos de menores muito mais restritas que qualquer outra instituição. E ainda bem que é assim. Mas não pode é recorrer à injustiça só para satisfazer as multidões que clamam por sangue.
E aqueles que hoje pedem à Igreja que ignore as leis, tenham cuidado, não vá acontecer que a seguir seja exigido o mesmo sobre eles.
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