terça-feira, 24 de janeiro de 2023

JMJ: afinal até sai barato!

 



Saiu mais uma notícia sobre os custos da Jornada Mundial da Juventude em Lisboa, desta vez sobre o preço do palco onde irá estar o altar na vigília de encerramento do evento. O artigo, mais escrito com o objectivo de ter cliques do que interesse jornalístico, compara estes custos com os do altar da visita do Papa Bento XVI em 2010.
Claro que a comparação é disparata e desonesta: em 2010 construiu-se um altar para uma única missa que depois foi posteriormente desmontado. Nas Jornadas está a construir-se uma estrutura fixa, um equipamento que poderá ser posteriormente utilizado para mega eventos ao ar-livre.
Infelizmente não é a primeira, nem será a última notícia, sobre o tema escrita de forma pouco informada e sensacionalista. Por isso escrevo uns pontos para esclarecer qualquer pessoa de boa vontade (aos outros os factos são indiferentes):
1. O que vai acontecer em Agosto não é a “visita” do Papa, mas a Jornada Mundial da Juventude. A JMJ é um dos maiores eventos do mundo e incomparável a qualquer outro evento que Lisboa tenha acolhido. Estamos a falar de 1 a 1.5 milhões de jovens que durante uma semana irão estar em Lisboa. Aos jovens, juntam-se milhares de bispos de todo o mundo, padres, jornalistas, etc. Não é por acaso que os hotéis de Lisboa e arredores estão todos esgotados para essa semana há meses. Vamos ter mais de um milhão de pessoas a dormir, a comer, a percorrer, a consumir em Lisboa.
2. Para além dos peregrinos que vão acorrer de todo o mundo a Lisboa, o evento irá ser acompanhado pelos media em todo o mundo. São centenas de milhões de católicos de olhos posto em Lisboa através da televisão, da rádio, das redes sociais, de streaming. Este evento garante que durante uma semana Lisboa é a cidade que todos os católicos do mundo vão ver.
3. Tanto quanto é publico a Jornada Mundial da Juventude terá um custo daté 80 milhões de euros. Uma parte desse custo será suportado pelo Estado, pela Câmara Municipal de Lisboa e ainda pela Câmara de Loures. O que leva a que se pergunte muitas vezes, porque é um Estado laico patrocina um encontro religioso? A resposta é simples, e nada tem a ver com boa vontade.
4. Parte dos custos que o poder púbico irá ter é o normal quando se recebe uma multidão de centenas de milhares de pessoas: reforço do policiamento, reforço dos transportes, reforço das equipas de emergência, etc. Para além disso existe o custo com o local central das Jornadas: o Parque Tejo, onde terrenos baldios e pantanosos ser irão transformar num parque junto ao Tejo, para ser utilizado por todos os cidadãos e equipado para receber mega eventos, como disse acima.
5. Até aqui temos, por um lado investimento naquilo que são as funções do Estado, por outro em equipamentos que vão ser para uso público. Mas claro que o investimento público neste evento supera estas questões. Mas mais uma vez, a razão para ser feito não é para fazer favores à Igreja.
6. O milhão e meio de pessoas que irão estar nessa semana em Lisboa irão gastar dinheiro na dormida (mesmo ficando muito locais cedidos gratuitamente), vão ter que comer e beber, vão gastar dinheiro em recordações, ou sejam, vão consumir em Lisboa e na região durante uma semana. Entre o que é injectado directamente na economia e o que é arrebatado em impostos, é fácil verificar que o investimento feito pelo erário público nas JMJ será recuperado várias vezes. Aliás, segundo o calculo do Governo o evento vai ter um retorno de 350 milhões de euros para Portugal.
7. A somar-se ao é valor que um e milhão e meio de pessoas a consumir trás (os tais 350 milhões de euros), temos ainda o valor publicitário de albergar um evento que será transmitido para todo o mundo. Basta pensar que ao organizar um evento católico a nível mundial estamos a falar de um “mercado” de mil e trezentos milhões de pessoas, espalhados pelos quatro cantos da terra. Imaginemos qual não é o valor publicitário para Lisboa de ser palco de um evento que durante uma semana é transmitido em todos os formatos para um mercado deste tamanho!
8. Por isso podem parar com o disparate de como o Estado laico vai gastar dinheiro para ajudar a viagem do Papa. As Jornadas Mundiais são um evento gigantesco, com repercussão a nível mundial. O que o Estado está a fazer é bastante simples e razoável: investir para que este evento seja um sucesso, de forma a ter o maior retorno possível. Não é um favor, é mesmo aproveitar uma oportunidade única

2 comentários:

  1. Muito bom artigo muito esclarecedor , claro e consiso!
    Para aqueles que têm as suas delícias em criticar o Papa e a Igreja, e que neste momento estão " preocupados" com os gastos do Governo para a JMJ, devem ler e reler este artigo, para sossegarem o espírito.

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  2. Só diz alarvidades e mentiras.
    logo no primeiro parágrafo não percebe que uma das grandes críticas é exactamente a da ideia de fazer uma estrutura fixa e não desmontável, pois não há absolutamente nada que faça crer que haverá outros " mega eventos" daquele tamanho. E muito menos que é necessário.
    Depois mente descaradamente quando fala em despesas 80M euros. Não ouviu o bispo.
    Só 80 M euros vai a parte do patriarcado, e como o mesmo bispo referiu" ainda não está fechado". Mais 35M para a CML, mais 35M para o estado, 9M para Loures e oeiras ( imagine-se,) ainda não apresentou nenhuma estimativa dos seus gastos
    Depois claro a megalomania usual ( vai ser visto por milhões de pessoas no mundo inteiro, imagine-se o benefício que isso é para Portugal. A ideia é exactamente oposta a essa . É não ter que imaginar mas ter alguns dados concretos. Não há absolutamente nenhuns.
    Depois contabiliza como uma coisa positiva 1,5 M de pessoas gastarem numa semana 350M de euros, ou seja cerca de 235 euros por pessoa por semana ou seja 35 euros por dia por pessoa.
    1• obviamente não tentou calcular a margem de lucro dessa receita, porque se tentasse, veria que é praticamente nula. Portanto desse dinheiro, para compensar os 160M de euros gastos ( até agora) vai perto de zero.
    2• o que Portugal , e
    especificamente Lisboa, Algarve e Porto lutam, não é por trazer mais turistas ( o Algarve em época baixa é), e muito menos em época alta.
    O que queremos é melhores turistas. Turistas que gastem mais dinheiro por dia.
    Evidentemente que estes 1,5 M de pessoas vão exactamente no sentido contrário disso e vão ocupar espaço , nomeadamente o aeroporto que como se sabe tem a sua capacidade totalmente lotada, a outros turistas que gastariam muito mais.
    3• E ainda vamos ver se vem 1,5M de pessoas. ( o que na realidade não faz muita diferença pois elas não geram basicamente lucro nenhum). Lembrem se na previsões de visitantes da Expo 98 que falharam redondamente. Nunca ouvi nenhuma explicação ou estudo para esse 1,5M de visitantes.
    4• já agora um número para se pensar. No Rio de Janeiro as JMJ tiveram 4M de pessoas. Custou um total de 21M euros ( nós vamos em 160M) Ee 90% Foi pago pela Igreja local.
    Enfim assim continuará lisboa. Sai um, entra outro mas tudo fica na mesma

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