terça-feira, 3 de março de 2020

Discurso manifestação "Sim à Vida" - 20 de Fevereiro 2020





Amigos,
Estamos de volta a esta praça. Somos muitos mais uma vez! E não é de espantar porque nós prometemos que viríamos aqui as vezes necessárias para travar esta lei iníqua: dissemo-lo logo na Caminhada pela Vida de 2016! E na de 2017, na grande manifestação em Maio de 2018 e depois novamente em Outubro desse ano. E ainda há quatro meses aqui estivemos a lutar contra esta lei! E aqui estamos outra vez e aqui voltaremos as vezes que forem precisas até que os deputados percebam que há um povo que rejeita a falsa piedade da injecção letal, a falsa misericórdia da morte a pedido! Um povo que quer uma sociedade que ama, que acompanha. Um povo que quer uma sociedade que não mata, que quer uma sociedadade que cuida! 

Infelizmente alguns deputados recusam-se ouvir. Não ouvem o povo porque dizem que é um assunto complexo, que é preciso ouvir os especialistas mas que depois também não ouvem os especialistas: a Ordem dos Advogados tem dúvidas, o Conselho Superior de Magistratura tem dúvidas, a Ordem dos Médicos é contra, a Ordem dos Enfermeiro é contra, o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida é contra! Mas mesmo assim insistem e ainda acusam os que pedem o referendo de fazer jogos políticos.

Não, o referendo não é um jogo político. Jogo político é recusar ouvir os especialistas. Jogo político é perder uma votação e nem passados dois anos repetir a votação. Jogo político é não debater o assunto em campanha e depois, na primeira oportunidade, propor a legalização da morte a pedido no parlamento!

O referendo não é um jogo político! O referendo é a última linha de defesa contra esta lei injusta!  A última linha de defesa contra a tirania dos deputados que se recusam a ouvir os especialistas, que se recusam a ouvir a sociedade. A ultima linha de defesa contra os deputados que se julgam acima da Constituição e dos Direitos fundamentais. 

Não pedimos o referende porque achamos que é preciso muito debate e consenso. Pedimos o referendo porque os deputados não nos deixaram nenhuma outra opção para defender a Vida!

E para isso estamos a recolher assinaturas. Eu bem sei que muitos dizem que não vale a pena. Que alguns tentam passar a ideia de que isto é deste ou daquele partido, ou uma coisa da Igreja. Meus amigos a mentira e a manipulação são a arma típica dos tiranos, é a arma de quem teme o povo! Eles vão fazer o que poderem para nos travar, a nós cabe-nos fazer o que devemos para travar esta lei.

Hoje não é o fim, hoje é o princípio deste processo legislativo. E nós vamos continuar a lutar. Vamos continuar a recolher assinaturas em casa, no trabalho, na rua, na Universidade, na nossa comunidade, e sim, também à porta das Igrejas. Eu bem sei que não é suposto falar de Igrejas, mas a verdade é que da última vez que li a Constituição não vi lá que um cristão tinha menos direitos políticos ou que uma assinatura à porta de uma Igreja valia menos do que uma assinatura à porta da sede do Bloco!

E depois havemos de cá voltar, com dezenas e dezenas de milhares de assinaturas! E aí veremos. Veremos se tem a coragem de silenciar o povo. Porque meu amigos, se é verdade que há deputados que querem fazer da Casa da Democracia a Casa da Morte, nós faremos desta praça a Praça da Vida!

Amigos, não sabemos como isto vai acabar. Era mais fácil vir aqui dizer que vamos ganhar, mas a verdade é que não sabemos. Mas como pude dizer aqui mesmo em Outubro: Só os cobardes exigem no início da batalha o cálculo das probabilidades da vitória. Os fortes e os constantes não pensam em perguntar com que dureza ou por quanto tempo, mas sim como e onde têm que combater. Continuemos por isso a combater pela defesa da Vida, contra a cultura da morte e do descarte! Continuemos a lutar por uma sociedade onde toda a Vida têm dignidade! Viva a Vida!

Que Deus vos guarde e que Deus guarde Portugal!

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