sexta-feira, 24 de janeiro de 2020

Winston Churchill, o homem que nunca se rendeu.




Cumprem-se hoje 55 anos da morte de Winston Churchill. O antigo primeiro-ministro inglês morreu com 90 anos, tendo dedicado a maior parte da sua vida à política. Embora tenha sido soldado e jornalista (e em ambas as profissões demonstrou sempre a sua enorme coragem) Winston Churchill era acima de tudo um político com uma carreira de 60 anos. Na política foi tudo, desde deputado a primeiro-ministro. Dominou a política britânica durante décadas. Orador brilhante, irónico e sagaz, era seguramente dos tribunos mais temidos na Câmara dos Comuns.

Pessoalmente era uma pessoa bastante única: mimado, egoísta, egocêntrico. Tinha por hábito receber ministros na cama e ditar às secretárias que ouviam do lado de lá da porta enquanto tomava banho. Bebia e fumava muito, até o charuto se tornar a sua marca icónica. Monárquico ferrenho, aristocrata, imperialista, conservador. A verdade é que Churchill dificilmente teria sucesso na política moderna. Na melhor das hipóteses era considerado um populista, na pior um fascista.

Churchill foi sempre uma voz incómoda. Opôs-se aos termos do tratado de Versalhes, foi dos primeiros a denunciar o comunismo, foi durante muito tempo o único que apontou o perigo da ascensão de Hitler e, já depois da guerra, será ele a cunhar a expressão “cortina de ferro”. E esta é mais uma das razões pelas quais Churchill não teria sucesso na política actual: foi sempre um homem livre, com coragem para denunciar o que considerava errado.

Mas a verdade é que Churchill é hoje considerado, com justiça, um dos heróis do século XX. Naquela que foi de facto a hora mais negra do Reino Unido, foi a sua vontade que conseguiu manter a Inglaterra na guerra contra os nazis, sozinha desde a rendição de França até a Pearl Harbour. Sem Churchill é provável que a guerra acabasse antes de os americanos ponderassem entrar nela.

E foi nesse momento decisivo, quando se manteve firme contra Hitler, que Winston demonstrou ser o maior líder que o Reino Unido teve no século XX. 

Muitas vezes, demasiadas, resume-se os grandes líderes ao seu carisma, à sua oratória, ao seu génio. E isso sem dúvida é importante. Mas não é isso que faz um grande líder. A grandeza de Churchill não está nas suas qualidades retóricas. Um grande líder é aquele que convence o povo a caminhar pelo caminho certo, mesmo quando não quer. O grande líder não é aquele que vai para onde o povo quer ir, mas que leva o povo para onde este não quer. É aquele que com a sua vontade consegue manter um povo em luta pelo que está certo. O povo inglês não seguiu Churchill porque este falava bem, seguiu-o porque reconheceu nele a coragem, a liberdade e a vontade de lutar pelo que estava certo. Mesmo com sacrifício.

“Nós não nos renderemos” não tocou o coração dos ingleses por ser uma frase bonita, mas porque acreditaram que de facto Churchill nunca se renderia. Perceberam que a proclamação de que lutariam em França, nos mares e nos oceanos, nas ruas, nos campos e nas colinas, não era um mero artifício de retórica, mas a expressão da mais profunda convicção do primeiro-ministro.

Um grande líder não é aquele que fala bem, não é aquele que é capaz de produzir maravilhosas citações. O grande líder é aquele que com a força da sua convicção e da sua vontade consegue liderar um povo. E no século XX ninguém o fez como Winston Churchill. Ele nunca se rendeu, e a verdade é que ganhou e garantiu a liberdade inglesa.

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