terça-feira, 18 de setembro de 2018

Venezuela: Até quando?


Nunca fui do género de me impressionar com as imagens consideradas impressionantes dos jornais. Evidentemente que não tinha gozo em ver imagens de guerra ou sofrimento, mas nunca senti a necessidade de desviar o olhar.

Depois de ser pai devo confessar que me tornei bastante incapaz de ver imagens de crianças a sofrer. Aliás, basta ler ou ouvir a história do sofrimento de uma criança para ficar imediatamente perturbado. Como é natural em qualquer pai suponho eu. De facto, há qualquer coisa no amor por um filho que nos leva a não conseguir sequer suportar ver ou imaginar o sofrimento de uma criança como ele.

Hoje, ao ler notícias, vi uma (mais uma) reportagem sobre a Venezuela. O cenário descrito é aquele que já conhecemos: não há comida, não há remédios, não há nada a não ser dinheiro que vale menos que papel higiénico (literalmente, não é uma metáfora!). Infelizmente estas notícias já são habituais.

Contudo, a peça vinha acompanhado de uma fotografia. Uma criança, só de fralda, magrinha, a brincar com um pau. Não teria mais de dois anos. E de repente aquela imagem atingiu-me. Como é possível que tudo continue parado enquanto há crianças a morrer à fome na Venezuela? Como é que os jornais continuam a falar do assunto como se fosse algo de banal ou corriqueiro? Até quando a comunidade internacional vai continuar a deixar um país refém de um ditadorzeco, que se deixar fotografar num restaurante de luxo na Turquia, de charuto na boca, quando o seu povo não tem que comer?

Porque sejamos honestos: claro que há países com mais pobreza do que a Venezuela, sem dúvida. Países onde morrem milhares de crianças com fome e onde a esperança média de vida é metade da do Ocidente. A diferença é que esses países são realmente pobres. Para resolver o problema da Eritreia ou do Sudão são precisas décadas e muitos milhões. 

Mas a Venezuela é um país rico e desenvolvido. A única razão de haver fome no país é a crueldade ideológica. A fome na Venezuela mais do que uma causa, tem um nome: Nicolás Maduro. O presidente que em nome da “revolução bolivariana” (mas sobretudo, em nome de poder continuar a saquear um país) deixa a população a morrer à fome. 

E a pergunta é: até quando? Até quando é que a comunidade internacional vai deixar crianças, grávidas e idosos a morrer à fome? Até quando vai permitir a prisão daqueles que se revoltam contra tal injustiça? Até quando vai permitir que Maduro se passeie em grande estilo enquanto nos hospitais de Caracas se morre  pela ausência de tratamentos básicos?

A verdade é que Maduro ainda está no poder porque é de esquerda. E aparentemente à esquerda é permitido matar e deixar morrer sem merecer vigílias, protestos e moções na ONU.

E assim vai morrendo aquele povo, sem qualquer clamor internacional. Esquecido e entregue a um tirano que teve a sorte de fazer o discurso certo para conseguir escapar incólume diante da comunidade internacional. Até quando?

quarta-feira, 12 de setembro de 2018

CDS: o voto útil!




Começo por fazer um ponto prévio: eu acredito que, independentemente da direcção do PSD, o CDS seria o melhor partido para governar Portugal. A minha militância no CDS não se deve às circunstâncias políticas actuais, mas à convicção que a democracia cristã é o caminho certo para o país. Mais ainda, penso que o CDS tem melhores quadro político e pessoas mais bem preparadas para governar que os outros partidos.

Dito isto, também é verdade que Rui Rio facilita a vida a qualquer pessoa que não seja socialista. O actual presidente do PSD já deixou bastante claro ao que vem: preservar o seu lugar à frente do partido e encostar-se de tal maneira ao PS que consiga garantir uns cargos para si e para os seus partidários. A Rio não lhe interessa o país, mas o Estado. Ele não quer este ou aquela pasta do governo, o que ele quer mesmo é voltar ao velho centrão onde PS e PSD vão dividindo cargos como se fossem donos da coisa pública. Rio não concorre com o PS, mas com o PC e o BE para ver quem serve de muleta a António Costa.

Por isso é urgente afastar do seu partido as vozes incómodas e ao mesmo tempo mostrar-se sempre aberta às ideias da esquerda. Reparemos no caso caricato da Taxa Robles, onde Rio veio logo prazenteiro, com o seu ar de político moderado, dizer que a taxa até podia não ser má ideia, só para ser achincalhado com a reacção do PS à mesmo medida.

A verdade é que votar no actual PSD é o mesmo que votar no PS. Nada os distingue! A única alternativa de facto ao PS é o CDS. E não, não é pormo-nos em bicos de pé, é simplesmente constatar um facto. O voto útil, que durante tanto tempo deu tantos votos ao PSD, é agora o voto no CDS. De resto, do Bloco ao PSD todos os votos terão um único destino: apoiar um governo de António Costa.

Em Maio nas Europeias, mas sobretudo em Outubro nas legislativas, o CDS apresenta-se como a única alternativa real ao PS. Só um CDS realmente forte pode travar mais um governo das esquerdas encostadas. É irrealista? Talvez. Mas a única alternativa é mais quatro anos de gerigonça, agora na versão alargada!