1. Os pais têm o direito e o
dever de educar os seus filhos. Ou seja, os pais não têm apenas o direito de
educar os seus filhos da forma que pensam ser a mais adequada, mas também o dever de o fazer.
2.
Faz parte da educação das crianças a sua educação escolar. Esta dificilmente
pode ser ministrada pelos pais, por falta de conhecimentos, tempo e dinheiro.
3.
Dai a evidente necessidade de existir um rede de estabelecimentos escolares,
que auxilie os pais na sua missão de educar os filhos.
4.
Qualquer escola, ainda que gerida e detida por privadas, presta por isso um
serviço público.
5.
Por isso a dicotomia escola pública vs escola privada é falsa. O que existe são
escolas do Estado e escolas privadas. Ambas prosseguem o mesmo fim: o ensino
dos seus alunos.
6. Os
pais têm o direito, e o dever, garantido pela Constituição, de educar os seus
filhos. Logo também têm o direito de participar na educação escolar dos seus
filhos.
7. Em
Portugal isso não acontece. Existe o ensino estatal, grátis, onde os pais não
são tidos nem achados. Os seus filhos têm que frequentar a escola da sua área
de residência. Escola essa onde os professores são colocados por concurso, o
número de funcionários é decidido pela Direcção Regional e o programa definido
pelo Ministério da Educação.
8. A
única alternativa que existe a este sistema, onde as crianças, quais servos da
gleba, estão acorrentadas à sua zona residencial para frequentar uma escola
onde os seus pais não podem interferir, é ter dinheiro para enviar os filhos
para uma escola privada. Ou seja, só os ricos podem realmente exercer o seu
direito a educar os seus filhos. Os pobres vivem ao capricho do Ministério da
Educação e da FENPROF.
9. A
questão não é por isso uma questão da qualidade da escola. Existem muitas
escolas públicas boas e muitos colégios maus. A grande questão é os pais
poderem decidir como educar os seus filhos.
10.
Porque a qualidade de uma escola é subjectiva. As crianças não são iguais, nem o
projecto educativo dos pais o é. Eu posso achar que o meu filho precisa de um
ensino mais artístico. A pessoa do lado que o seu filho preciso de um ensino
mais científico. A outra pessoa que o seu filho preciso é de um ensino mais
rígido. Etc., etc., etc...
11. O
actual sistema educativo em Portugal é profundamente injusto. A ausência de
qualquer liberdade de escolha dos pais da escola que os seus filhos frequentam
tem o único resultado: os mais pobres são obrigados a colocar os seus filhos na
escola ao pé de casa. O resultado são escolas tipo gueto. O problema piora com
o magnifico sistema de colocação de professores por concurso. Ou seja, as
escolas em vez de poderem contratar professores que se adequem aos seus alunos,
são obrigadas a receber os professores colocados pelo Ministério da Educação. Resultado: a total instabilidade e a impossibilidade da direcção da escola em
manter um projecto educativo pensado para as necessidades da sua população
escolar. Muitas vezes ouvimos casos de escolas públicas que funcionam muito
mal. O meu espanto é como é que ainda funcionam!
12. Então
qual a alternativa? Várias. Os contratos de associação é uma delas: o Estado
pagar à escola por cada aluno que a frequenta independentemente de ser privada
ou do Estado. Outra possibilidade é o cheque ensino. Uma verba dada aos pais com
filhos em idade escolar que só pode ser usado para pagar a propina da escola.
Ou então, e este seria o meu sistema de eleição, as escolas serem geridas por
comunidades e associações locais, recebendo uma verba de acordo com o número de
alunos, tendo os pais liberdade de colocar os filhos na escola cujo projecto
educativo preferissem.
13.
Evidentemente que a liberdade de educação traz muitos riscos e responsabilidades.
Exige maior envolvimento dos pais, das comunidades locais. Traz uma maior
fiscalização do trabalho dos professores e das direcções escolares. Mas nenhum
destes desafio é o maior entrave à revolução que a educação em Portugal tanto
necessita.
O
maior entrave é que a descentralização da educação de maneira a garantir aos
pais uma maior liberdade para educar os seus filhos, iria diminuir
drasticamente o poder do Ministério da Educação e dos sindicatos. A Escola
deixaria de ser uma arma de doutrinação do povo ao serviço do Estado, para passar
a ser, de facto, uma ajuda real aos pais na educação dos seus filhos. E isso a
mentalidade socialista do nosso pais não aguenta.
14. A
luta pela liberdade de educação é por isso uma luta fundamental por um país
mais livre e mais justo. Um país onde cada pai, independentemente da sua
fortuna, ideologia, religião, educação, pode de facto cumprir a sua missão de
educar os seus filhos. Enquanto assim não for, só os ricos serão livres para
educar os seus filhos.