terça-feira, 22 de outubro de 2024

Eu só quero educar os meus filhos

 



Eu só quero ensinar aos meus filhos que somos criados à imagem e semelhança de Deus. Que homem e mulher os criou e que não existe um género diferente do sexo. Os papéis de género, como hoje pomposamente são chamados, são resultados da biologia e das circunstâncias históricas. E se alguns podem mudar e evoluir conforme as circunstâncias vão mudando, há outros que são inatos à natureza humana.

Eu só quero educar os meus rapazes a respeitarem as raparigas, a carregar os pesos, a dar prioridades nas portas e os lugares sentados. Quero que aprendam que objetivar uma mulher não é ser homem, é ser selvagem. Educar para que tenham a coragem de defender as mulheres dos selvagens que as tratam como objetos.

Eu só quero educar a minha filha para o facto de que o mundo é um lugar mais perigoso para as mulheres do que para os homens. Quero educá-la a ser prudente, porque infelizmente há demasiados homens em quem não se pode confiar. Quero educá-la que não há nada de empoderamento em exibir o corpo para impressionar os homens, e que não há qualquer mal em ser considerada púdica.

Quero educar os meus filhos, os rapazes e a rapariga, para o valor do amor, da virgindade, da pureza. Educá-los a reconhecer o outro como pessoas e não como objeto de prazer, e o seu próprio corpo como morada o Espírito Santo. Quero educá-los para a beleza da sexualidade, vivida de forma responsável, realmente livre, como aliança entre homem e mulher. Quero que saibam que a liberdade não é ser escravo do instinto, mas viver de acordo com a nossa natureza.

Eu só quero educar os meus filhos para a dignidade da vida humana, desde o momento da concepção até à morte natural. Ensinar-lhes que cada pessoa, independentemente do seu tamanho, da forma como vive, da forma como ama, como se identifica, da cor da pele, da filiação política, da sua saúde ou capacidades, tem em si mesmo um valor infinito. E que por isso deve ser amada e respeitada. Ensinar-lhes por isso que o aborto é um mal, que o racismo é um mal, que tratar mal o outro por ser diferente é um mal. Mas também ensinar que não há amor sem verdade.

Eu só quero educar os meus filhos naquilo em que acredito, porque desejo o melhor para eles. Depois, bem sei que com o tempo eles irão desenvolver as suas ideias, e poderão até não concordar comigo. E continuarei a amá-los de igual forma se assim for. Mas também sei que é meu dever dar-lhes o que tenho de melhor. E a minha Fé é o que tenho de melhor para lhes dar.

Respeito quem não concorda comigo. Quem deseja educar os filhos de outra maneira. Quem acredita que há tantos géneros como vontades ou que a verdadeira liberdade é viver ao sabor dos nossos instintos. E não tenho qualquer vontade de educar os seus filhos. Eu só quero é que me deixem educar os meus.

E é isto que está em causa na discussão sobre a Educação para a Cidadania. É a liberdade de cada um educar os seus filhos da forma que acredita ser melhor para eles. 

segunda-feira, 7 de outubro de 2024

A coragem da paz



Há um ano a esta parte agudizou-se a sensação de que era preciso estar com Israel ou com a Palestina. Criou-se um ambiente onde parece que não é possível condenar os actos bárbaros do Hamas em 7 de Outubro e ao mesmo tempo condenar a forma como Israel tem respondido a esses ataques.


Mas a verdade é que é possível. É perfeitamente possível reconhecer que o Hamas é um grupo terrorista, que os ataques de 7 de Outubro foram totalmente bárbaros, que o Hezbollah é outro grupo terrorista, que Israel tem direito, não apenas a existir, mas também a defender-se, e ao mesmo tempo condenar a terraplanagem de Gaza, a invasão do Líbano e defender o direito dos palestinianos a um Estado só seu.

É possível defender a paz e a justiça para judeus e árabes, sem ficar preso nas barricadas ideológicas. É possível estar do lado da paz e não do lado de um dos contentores.

O problema na Terra Santa é já antigo, e ambos os lados têm razões de queixa. Ambos têm imensas razões e nenhuma delas justifica as atrocidades que ambos os lados têm praticado. E não vale a pena justificar os actos de Israel dizendo que o Hamas é pior: claro que faz, é um grupo terrorista, Israel é um Estado, mas seria melhor se se comportasse do mesmo modo. A única solução para o conflito na Terra Santa é a Misericórdia e o Perdão, para que judeus e árabes possam viver em paz e justiça na terra onde vivem.

Respondendo ao apelo do Patriarca Latino de Jerusalém, o valente Cardeal Pizzaballa, o Papa Francisco convocou um dia de jejum e oração pela paz. É preciso coragem para defender a paz e ainda mais para a construir. É mais fácil escolher um lado da barricada e defender esse lado até ao fim. Mas o resultado dessa política está à vista: morte, destruição e guerra. Por isso tenhamos a coragem também nós de construir a paz.

Rezemos por isso à Rainha da Paz, para que através do Seu Filho, o mundo conheça a paz, especialmente na terra em que Ele escolheu habitar.